Então eu deveria contar a minha verdade?
Outro dia uma leitora me enviou uma mensagem perguntando se eu estava apaixonada. Meu impulso primeiro foi foucaultiano. Disse a ela para apagar o nome da autora da obra e assim a comunicação poética se estabeleceria. Na época ela lia o Pequeno Livro de Poemas Para Vestir Bem.
Pobre leitora viciada na vida dos autores!
E pensar que eu dei a ela o que ela menos queria.
Mas hoje, decidi ser mais generosa com a leitora. Acordei com vontade de conversar com ela e fazê-la entender que eu não posso dizer que estou apaixonada, porque o meu estado é de ser e não de estar.
Querida leitora vamos conversar escondidas de Michel Foucault?
Porque hoje decidi contar, só pra você, a minha verdade. Não sei exatamente qual o poema que te fez pensar na autora apaixonada, mas arrisco Declaração Individual do Primeiro Pecado, porque esse poema anuncia o meu estado e o estado de qualquer leitor comprometido, preso por vontade, que dorme e acorda ao lado do ser amado e sabe reconhecer o valor de estar presente na alegria e na tristeza.
Meu amor e eu já temos quase a idade de bodas de prata, por isso, cara leitora, insisto em te dizer que eu não estou apaixonada, eu sou apaixonada, porque gosto mesmo é de amor eterno.
E se Michel Foucault passasse por aqui agora, eu me esconderia dentro deste guarda-poemas e de lá sairia trajando a minha Declaração Individual do Primeiro Pecado como quem, com alegria, espera ao lado do ser amado a idade de bodas de prata chegar.