
Por Hera, guardiã do
amor legítimo, quando Pedro me beijou nos olhos a primeira vez, eu vi estrelas,
embora fosse uma manhã ensolarada.
E desde então, cada palavra proferida
por Pedro chega a mim como um rio que flui no sentido de um oceano, um corpo de
água contínuo e me parte em mares menores. O beijo de Pedro é um oceano quebrando
a minha alma.
Outro dia, Pedro me beijou no período
lunar e as estrelas do beijo primeiro de Pedro se multiplicaram em quase mil.
Isso tudo porque antes de me beijar deliciosamente, Pedro me disse sussurrando:
O céu está em verdade aberto, vamos a ele.
Não sei como chegar
até as estrelas sem temor, mas há beijos que nos levam até Andrômeda, Alfa e
Beta como se seguíssemos viagem em uma carruagem alada puxada por cavalos de
fogo.
É assim o beijo de Pedro: um seguir
viagem na carruagem do rei Sol e cruzar, ponta a ponta, todo o céu.
Eu já fui mais terrena, mas toda vez
que a boca do Pedro se volta para a minha, é como se todos os sonhos do mundo
ocupassem a minha cabeça e de dentro dela saísse uma outra voz que diz assim:
Ainda vou escalar as montanhas e ficar mais
perto das estrelas
E então, é só fechar os olhos e encostar
os meus lábios nos lábios do Pedro que todos os sonhos são a minha verdade. E outros
sussurros chegam aos meus ouvidos:
−Suba,
vamos para a casa de Andrômeda. Montada nas costas da águia, fui até o ponto mais alto do céu. Então, percebi que estava voando pela Via Láctea. Juro que vi Faetonte por lá, com os cabelos incendiados, tentando domar cavalos que soltavam fogo pelas narinas.

Tudo
isso eu juro que vejo no céu da boca de Pedro. Pedro, quando me beija, me leva
ao Cruzeiro do Sul.
É bem verdade que eu não sei como
chegar até as estrelas sem temor, mas nos beijos de Pedro eu faço o caminho que
todos fazem, quando beijam com amor.