
− Giselle
Ribeiro, quem você levaria para uma ilha deserta?
− O Carlos. O Drummond. O Carlos Drummond de Andrade e o mundo inteiro estaria comigo naquela ilha deserta.
− O Carlos. O Drummond. O Carlos Drummond de Andrade e o mundo inteiro estaria comigo naquela ilha deserta.
− VOU LHE DAR
OUTRA CHANCE DE ESCOLHER MAIS UMA PESSOA: Giselle Ribeiro, quem mais você
levaria para uma ilha deserta?
− A Cléo. A Busatto. A Cléo Busatto e juntas iríamos oralizar as histórias escritas nas pedras daquela ilha deserta.
− A Cléo. A Busatto. A Cléo Busatto e juntas iríamos oralizar as histórias escritas nas pedras daquela ilha deserta.
− Sua ilha não é
mais deserta, mas nela ainda há um espaço vazio.
Giselle Ribeiro essa é a sua última chance de povoar totalmente a ilha não mais deserta, quem, por fim, você levaria para aquela ilha de antes tão deserta?
Giselle Ribeiro essa é a sua última chance de povoar totalmente a ilha não mais deserta, quem, por fim, você levaria para aquela ilha de antes tão deserta?
− O Manoel. O Manoel de Barros. O meu mestre na arte de pegar delírio. Porque viver só de limites cansa imensamente! E lá, na companhia de Carlos, Cléo e Manoel:
"1. Uma rã me pedra.
2. Um passarinho me árvore.
3. Os jardins se borboletam.
4. Folhas secas me outonam."
Já não estou mais só naquela ilha antes tão deserta!
Pluft.
O gênio some e a louca faz uma oração bem antes de sumir também para aquela ilha que não mais será deserta:
ORAÇÃO PARA OS HABITANTES DA MINHA ILHA:
depois de escolher Carlos, Cléo, Manoel (e Clarice escondida no bolso) para ocuparem a sua ilha deserta, Giselle Ribeiro faz uma oração:
Nossa Senhora da Gramática, livrai o poeta do seu corte, da sua afiada faca. Deixai o poeta ousar, arriscar, criar, inventar seu estilo. As coisas são assim: língua de poeta é bicho irado, sempre livre e querendo ir contra a lógica da língua oficial. Por isso, Nossa Senhora da Gramática, livrai o poeta do seu corte, da sua afiada faca.
Nossa Senhora da Gramática, ouço Victor Hugo falando do sublime e do grotesco e penso também lhe dizer:
"as línguas são como o mar, oscilam sem parada. Num certo momento, deixam uma costa no mundo do pensamento e invadem uma outra. Tudo o que suas ondas assim o abandonam seca e se apaga no solo. p.81."
Penso lhe dizer isso, Nossa Senhora da Gramática, porque língua de poeta é bicho irado, não vacinado, ela não se fixa e não se fixará.
Nossa Senhora da Gramática, também sou poeta e em nome de tantos outros eu peço: não deixai queimarem as duas asas de Pégaso. Não deixai. Não deixai, Nossa Senhora da Gramática, não deixai. Amém.