quarta-feira, 26 de outubro de 2011

MEU AMOR E EU FALAMOS DE NUVENS E OUTRAS COISAS QUE EU NÃO SEI



Meu amor e eu estávamos deitados olhando o teto do quarto... e de repente uma lembrança invadiu o meu pensar as coisas. Quase todas as manhãs tiro um pouco do tempo para deitar no banco ao ar livre e bem da ponta da praça, vejo nuvens que vão. E eu fico me perguntando:

−Para onde elas vão tão soberbas?

Meu amor me tira do meio da dúvida e anuncia:

−Elas vão dar a volta no mundo. Elas vão fazer chover em algum lugar.

Gostei do que ouvi. Meu amor é brilhante! Meu amor sabe todas as respostas desse mundo.
Até mesmo de nuvens que andam, meu amor entende!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

ESPERANDO A IDADE DE BODAS DE PRATA



Então eu deveria contar a minha verdade?
Outro dia uma leitora me enviou uma mensagem perguntando se eu estava apaixonada. Meu impulso primeiro foi foucaultiano. Disse a ela para apagar o nome da autora da obra e assim a comunicação poética se estabeleceria. Na época ela lia o Pequeno Livro de Poemas Para Vestir Bem.

Pobre leitora viciada na vida dos autores!

E pensar que eu dei a ela o que ela menos queria.
Mas hoje, decidi ser mais generosa com a leitora. Acordei com vontade de conversar com ela e fazê-la entender que eu não posso dizer que estou apaixonada, porque o meu estado é de ser e não de estar.

Querida leitora vamos conversar escondidas de Michel Foucault?

Porque hoje decidi contar, só pra você, a minha verdade. Não sei exatamente qual o poema que te fez pensar na autora apaixonada, mas arrisco Declaração Individual do Primeiro Pecado, porque esse poema anuncia o meu estado e o estado de qualquer leitor comprometido, preso por vontade, que dorme e acorda ao lado do ser amado e sabe reconhecer o valor de estar presente na alegria e na tristeza.

Meu amor e eu já temos quase a idade de bodas de prata, por isso, cara leitora, insisto em te dizer que eu não estou apaixonada, eu sou apaixonada, porque gosto mesmo é de amor eterno.
E se Michel Foucault passasse por aqui agora, eu me esconderia dentro deste guarda-poemas e de lá sairia trajando a minha Declaração Individual do Primeiro Pecado como quem, com alegria, espera ao lado do ser amado a idade de bodas de prata chegar.