Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.
transmutará teu pó em ouro puro.
Todos foram à praia: mãe, irmãos,
vizinhos e moradores daquela capital. Todos foram à praia. Para isso foram
feitos, para lustrar os olhos dos outros, para regar as aparências, para
bronzear a matéria vista. Chamam isso de felicidade, alegria ou coisa parecida.
Felicidade para eles é quando a tribo toda se junta para olhar para fora, para
a cor da pele, dos cabelos e conferir a etiqueta da roupa.
Mas havia uma mulher, naquela
capital, que se negava o luxo do olhar dos outros e marcou encontro com uma
outra que crescia dentro dela. No primeiro dia marcado daquele mês de julho, a
outra não veio. E a mulher esperou longas horas roendo o canto das unhas,
andando e olhando para o centro de si. Parecia querer arrancar a outra de
dentro do umbigo gritando: −Venha logo!
Passado o dia marcado, daquele mês de
julho, a mulher disse para dentro: −Além, hoje está além de mim, me visitar.
Olho para a porta de entrada da minha sala de estar, a minha sala de estar mais
em mim, mas não ouso entrar. Aprendi a me encontrar e jamais querer me
desencontrar. Já dei voltas e voltas pela minha casa interior, pelo lado de
fora dela. Hoje minhas portas e janelas parecem fechadas. Mas eu me
desacostumei com o lado de fora.
Desistiu da visita e seguiu na direção
do bosque, se perdeu de si.
Outro dia daquele mês de julho,
inesperadamente se encontraram, as duas. Enquanto todos foram à praia, a mulher
foi para um espaço tranquilo, de chão todo azul. E deitada no chão todo azul,
foi levada por uma voz que anunciava a direção certa: ponta dos dedos dos pés,
pernas, abdômen, costas, ombros, nuca, cabeça, boca, garganta, dentes, língua e
tudo o que formava a sua estrutura.
Subitamente a outra foi reconhecida
dentro dela: água de rio, iluminada por uma lua. Ela é feita de água prata
correndo no corpo da mulher como um ciclo de evaporação e transpiração. As duas,
em uma, atingiram a superfície da terra, bem no meio daquele chão todo azul.
E houve felicidade do tipo
desconhecida pelos que foram à praia.
P.S. VISITA AO CENTRO DE SI é um texto 50% realidade, 50% ficção. Por isso, posso chamá-lo texto de equilíbrio ou Realidade Reorganizada. Texto tecido na noite do dia 17 de julho, depois de praticar Yoga com a Profa. Patrícia Almeida e ouvir a voz que nos conduz ao centro do que somos nós.
P.S. VISITA AO CENTRO DE SI é um texto 50% realidade, 50% ficção. Por isso, posso chamá-lo texto de equilíbrio ou Realidade Reorganizada. Texto tecido na noite do dia 17 de julho, depois de praticar Yoga com a Profa. Patrícia Almeida e ouvir a voz que nos conduz ao centro do que somos nós.