sábado, 29 de dezembro de 2012

AMIGO É INVISÍVEL?


No papel dobrado vários nomes de pessoas conhecidas daquela roda.
     E de repente uma voz anuncia:
     − Vamos tirar o nosso amigo invisível.
     Olhei para todos na roda e tentei NÃO ver alguém para saber quem, daquele meio, era o meu “amigo invisível”.
     Não entendo muito bem certas brincadeiras, mas entrei no jogo apostando que o nome que eu tirasse deveria ser de um amigo e que, embora a brincadeira determinasse “invisível”, deveria ser alguém que nas horas alegres ou tristes, ele apareça diante de mim como um Gênio da lâmpada mágica e me daria a chance de três pedidos, caso eu estivesse triste:

    PEDIDO NÚMERO UM:
● Chorar até secar o poço das águas dos olhos meus;

    PEDIDO NÚMERO DOIS:
● Enfrentar a tristeza com armadura, lança e espada e sair vitoriosa como qualquer herói das antigas histórias ouvidas;

    PEDIDO NÚMERO TRÊS:
● Jogar tudo para o alto e começar outra vez.

     Decididamente o nome dessa brincadeira deveria ser amigo mais que visível. Pois um amigo está sempre, ou quase sempre, pronto a nos cobrir de força e coragem e quando precisamos, ele aparece visivelmente ao nosso lado.
    Pelo menos é assim que acontece com a minha Ciranda de Amigos Visíveis, muito bem visíveis.

      Agora pensando mais um pouco no assunto, invisível deve ser o inimigo, porque nunca se mostra da forma que é.

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

E SE DE REPENTE NO NATAL...

E se, de repente, uma porção mágica de Deus ocupasse todos os espaços da nossa cabeça e escorresse até os nossos corações. E assim ficasse, por algum tempo, ocupando os nossos pensamentos e as nossas emoções com um único verbo, relembrando o princípio de tudo?
E se dos olhos das pessoas escorresse esse verbo, das suas bocas saltasse o mesmo verbo, no sangue das suas veias circulasse o verbo prometido?
Se tudo isso deixasse de ser só um sonho e no dia de Natal cantássemos todos, numa só voz, o mesmo mantra?
Deus é amor, eu sou amor.
Se tudo não fosse um sonho, o verbo Amar seria por todas as pessoas conjugado e o filho de Deus, em todos nós nasceria assim, de repente no Natal.
Mas esse foi só o meu sonho que pensei compartilhar. Enquanto isso, a bruta realidade me faz acordar...
 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

APERTE O BOTÃO QUE A VIDA ACENDE

 
Meninas que sonham ser passarinho e comem ameixa da árvore.
                      
“A vida é assim: aperta-se o botão e a vida acende”
 

Era o começo de novembro, primeiro dia de aula, quando eu levei meus alunos para a Beira do Rio.
A Universidade Federal do Pará, meu porto profissional, fica bem no meio da desaguação do Norte. A paisagem local é linda, mas é preciso saber o que fazer com ela.
E todo início de semestre, é a mesma história, eu levo meus alunos de Teoria do Texto Poético para aprenderem o que fazer com a paisagem de fora e de dentro deles. Lá, nós ficamos de pés no chão, de ouvidos e narinas bem abertos para escutar a cor dos passarinhos. Afinal, foi isso que aprendemos com Manoel de Barros.
Os pés plantados no chão da aluna
E foi assim que fomos para a Beira do Rio fazer umas práticas radicais de esporte poético. E foi assim também, que chegamos ao poema de Apollinaire:


E eles foram para a beira. E eles voaram.


“Venham para a beira.
Não podemos. Temos medo.
Venham para a beira.
Não podemos. Vamos cair.
Venham para a beira.
E eles foram
 E ele os empurrou.

E eles voaram”

Às vezes é preciso sair da beira, às vezes é preciso voar, às vezes é preciso empurrar para a vida se acender.
Eu confesso que vez por outra gosto de sair da normalidade dessa vida, das quatro paredes da sala de aula. Porque andar sempre na linha, cansa a costura da minha pele!

E para você que me lê, nesse momento, eu espero que no Ano Novo você aperte o botão e a sua vida acenda. É só isso que eu desejo para você que agora  me lê.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

FUI TER UM CASO COM A PALAVRA. VOLTO ASSIM QUE PUDER.

Giselle Ribeiro & Cléo Busatto
− Já dá?
− Não. Ainda não dá.
− E agora, dá?
− Agora também não.
− Mas quando você acha que dá para voltar?
− Não sei. Não sei. Deixa eu te contar:

          No começo foi assim, eu fui flertando muito discretamente com ela.
Ela me parecia cheia de curvas e formas em abundância de certeza, às vezes, ela também gostava de manter as certezas todas suspensas.

          Uma verdadeira dama!

Cléo Busatto me ensinado a escutar o silêncio da chuva do Norte.
          Quando eu queria afago, ela depositava em mim um jarro cheio de afago.
          Quando eu precisava de sustentação, ela me colocava no chão.
          Por isso eu quis sair do flerte para Namorar a Palavra. E nosso Caso passou a ser Sério.

          Depois disso, me mandei para Curitiba e a Cléo Busatto, que é mãe da palavra dita e escrita me entregou as chaves e oficializou a relação.

          E de repente – tudo passou. A fome passou. O frio passou. O cansaço também passou. Só meu coração batia compassadamente anunciando o meu Caso com a Palavra.

         Desculpe dizer, sei que vim ter um Caso com a Palavra, por isso namorei e casei com ela.

          E não consigo, não quero, não posso mais voltar.
 
P.S. Texto tecido depois dos dias 26 e 27 de novembro do ano de 2012, período em que fui para Curitiba fazer o Curso de Caso com a Palavra, curso mediado pela Escritora e Contadora de Histórias Cléo Busatto, por quem tenho imensurável orgulho de ser leitora.
          Obrigada Cléo Busatto pelas horas de encantamento.