domingo, 27 de março de 2011

REGISTRO NO ARQUIVO DA HUMANIDADE




“Partir rumo ao alto-mar, na vida real ou nas histórias é um ato que causa uma sensação de nascimento salgado”(1).

RELATÓRIO DA NOITE DE ONTEM

Sempre que uma onda muito forte de emoção me invade, minha voz tem o estranho hábito da ausência e evapora, mas dentro de mim, um diálogo secreto e verdadeiro se inicia:

NOITE DO DIA VINTE E SEIS:

Mais uma vez volto ao mar. E minha jangada avança vorazmente contra o mar, o mar dos afortunados de emoção. Sigo rumo à ilha prometida: a casa da Mestre Patrícia Almeida. Lá, os marinheiros estão todos reunidos para lançar suas garrafas com a repetida mensagem:

Senhor Deus, que nos enviou sua mensageira, conduz em ondas mansas a viagem da nossa mestre Patrícia, por mais doze meses reaprendendo a união com o teu Sagrado Nome.
Daí-nos, o tempo da espera em calmaria, sabedores que no findar dos doze meses, a colheita de bons frutos do seu novo saber, por nós também será feita.

O que tem um(a) mestre a ensinar aos seus Yogues?
Pouco sabemos dizer, mas a verdade é que cada estadia ao lado de um(a) mestre, é dia de iluminação em nossos porões e nossas frestas obscuras geram cores muito mais vibrantes. E do pouco que ainda sabemos, o(a) mestre grava em nossa pele o exercício do perdão, do desapego, o exercício do amor. E assim, inspiramos e expiramos as suas lições.

Eis uma parte do meu diálogo interno do dia vinte e seis, na ilha prometida.





P.S. Texto resultado do desejo de boa viagem à Profa. Patrícia Almeida que segue para São Paulo em busca de mais aperfeiçoamento profissional.

1. Nancy Mellon. A Arte de Contar Histórias. 2006. p.96.

quinta-feira, 24 de março de 2011

ENDEREÇO DO POETA:


ENDEREÇO DO POETA: Rua das Palavras, em uma cidade que parece duas. Texto tecido para a homenagem ao Poeta Paulo Nunes no I Simpósio de Literatura Paraense.
Por Giselle Ribeiro ao poeta Paulo Nunes


ESCREVER
Ao Max Martins, homo ludens

Que menino
d e s a j e i t o u
o telhado do meu sonho?


Escrever é um poema dedicado ao Max Martins, nosso também poeta. Mas hoje eu resolvi apagar a dedicatória e libertar o poema para que ele retorne ao seu autor Paulo Nunes. Para meu ato, talvez criminoso, por tirar Max Martins do cenário, eu tenho explicações que fogem do primeiro olhar o poema. Que fogem da primeira indignação do autor Paulo Nunes, ou de qualquer outro leitor desatento.
Eu explico: Escrever é um poema grandiosamente composto por três versos com a iluminura do ponto de interrogação no seu final, que também pode ser recebido como começo, e não mais final, de outra viagem. Esse indefeso ponto de interrogação, marca a abertura da dedicatória no poema. E faz, maravilhosamente, com que o poema tenha fôlego suficiente para tantas possibilidades de leitura. Assim, eu me permito apagar o nome de Max Martins para dar vez a outro poeta, que neste momento é quem desajeita o telhado do meu sonho, e o poeta que no momento presente cumpre essa tarefa, é o próprio autor, é Paulo Nunes.
Explico mais ainda o meu crime pre(meditado) contra a dedicatória do poema Escrever, esse poema é um campo minado de abertura para uma leitura polissêmica, desde o seu título Escrever, que se lança a todo poeta. Passemos agora pela sua libertadora dedicatória, quando lança Max Martins na lista dos que escrevem com a força do homo ludens, esse homem que brinca e que joga e que por isso, também poderá dar vez a outro e outro autor.
Agora sigo em direção do título desta comunicação: Endereço do poeta: rua das palavras, em uma cidade que parece duas, é lá que mora Paulo Nunes, essa é a minha certeza, porque para saber se um homem é poeta eu consulto o seu endereço. Porque poeta não mora em rua de palavra com significado unívoco. Poeta quando nasce exige uma rua plural, uma cidade que no mínimo pareça ser duas. Porque ele sabe que veio ao mundo para acender e apagar as certezas do seu leitor.
O título desta comunicação devo dizer, surgiu da leitura e releitura do livro Em Citrial: uma história que parece duas, publicado em 1986 pela SEMEC. E quando eu digo que o endereço do poeta é Rua das palavras, em uma cidade que parece duas, eu não estou sozinha com o meu acreditar, agora relembro o que disse a também escritora paraense Maria Lúcia Medeiros na contracapa do livro citado:

“ Quem quiser perseguir linhas normativas e terminais no trabalho de Branco e Paulo Jorge não vai conseguir. As possibilidades de leitura vão muito mais além. Há leitura de ilustração, de texto e ilustração, só de texto, enfim, muitas e variadas maneiras de ler essa eterna história de amor “Em Citrial.”

P.S. Escrever, poema do livro O mosquito que engoliu o boi. Belém: Paka-Tatu,2002.

segunda-feira, 14 de março de 2011

GALERIA DA MINHA ALEGRIA

Profa. Patrícia Almeida
Poeta Manoel de Barros e Giselle Ribeiro
Profa. Patrícia Almeida e seus discípulos

Sempre vou ao mar, por isso, aprendi a nadar. O mar que eu sempre vou tem outro nome, muito mais forte e necessário. Aprendi com minha mestre em Yoga Patrícia Almeida que Deus é amor e com Jung aprendi que eu posso ser Deus. Deus é amor, eu sou amor. Esse é o meu mantra. E desde então, minha vida tem sido essa melodia de uma nota só. Minha vida tem sido esse refrão. Um mantra feito de água mole em pedra dura. E foi assim que eu me fiz mais doçura.E acho, verdadeiramente, que conheci e reconheço o rosto da felicidade amando e sendo amada sem controle, sem medidor, sem prestação de contas. Mas o novo mar veio com o rosto mais grandioso, arrisco até dizê-lo mais nobre, pois que amo sem ver cor, sexo, credo, nacionalidade... Aprendi a amar sem interesse da carne ou da matéria. Aprendi a amar a pessoa por ser Pessoa. E percebi, cantando o meu mantra, que o rio de tristeza que sempre corria em mim, se fez mar, mar de alegria. Por isso, hoje sou mais leve, sou água, sou ar entrando e saindo do pulmão da minha existência. Aprendi também com o poeta Manoel de Barros que a simplicidade tem nome de pessoa em poesia, e de poesia em pessoa, porque sabe ser só pessoa ou poesia, sem precisar de qualquer outro artefato para ser o que, de fato, é. Por isso hoje, eu também sou Pessoa que com outras Pessoas conjuga o verbo amar, com seu tempo e modo. Namasté minha amada mestre Patrícia Almeida. Saudações poéticas meu amado poeta Manoel de Barros.