terça-feira, 22 de janeiro de 2013
segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
ALGUMAS EXPERIÊNCIAS MINHAS SÃO LOUCAS, OUTRAS TAMBÉM.
−Minha
mãe, em que tempo eu nasci? Dizei-me depressa por que essa escuridão arde
tanto os meus olhos?
Minha mãe pensou um pouco e fez uma
pausa enorme. Melhor não dar asas às loucuras da minha filha. Vou deixar
quieto. Articulou minha mãe sabiamente.
Foi a melhor coisa que ela fez, me
deixou falando insistentemente comigo mesma. Depois da ausência de resposta
dela, gritei bem no centro do meu porão para ouvir o meu eco. E lá eu ouvi a
voz de Giorgio Agamben me dizendo alto algumas frases do seu O que é
contemporâneo?
Agamben
nem sabia que iria me falar da escuridão que ardia meus olhos, quando me disse
que “contemporâneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele
perceber não as luzes, mas o escuro.”
Então é isso, minha mãe sabe que meus
olhos ardem, porque aprendi a fixar o meu olhar no escuro que mora em mim, e
por ele ser iluminada.
Mas isso eu só aprendi com a
psicoterapia e com a prática de yoga, as duas me levando para dentro de mim, lá
onde parece escuro, elas me entregam um Deus, iluminando o meu porão interior.
Talvez eu não entenda, com clareza, o
que acontece quando eu pratico yoga ao
ouvir voz, no momento de relaxamento, que me chama e me convida a entrar em
contato comigo. E o depois disso eu também não sei explicar. Mas sei dizer que
uma leveza me mantém no chão, em estado de relaxamento. E outra leveza me faz
subir, sair desse chão como se fosse sustentada por uma linha invisível. Depois
disso, há um fluxo de energia, quase uma descarga elétrica invadindo o meu
corpo, aquele que está no chão, não o que está suspenso. E esse, se mantém
flutuando e vendo o outro corpo, o que está no chão, receber a energia. O passo
seguinte, posso chamá-lo de frisson, é quando o corpo que está no chão, recebe
a presença do Sagrado, bem ali, ao meu lado e esse corpo todo se arrepia...
É quando eu sei que o escuro vai
clarear.
Assinar:
Postagens (Atom)