domingo, 23 de setembro de 2012

APRENDENDO A RESPIRAR COM NEY FERRAZ PAIVA E NILSON OLIVEIRA

imagem de Gabriela Itubide
(imagem gentilmente arrancada do hospício moinho dos ventos)
 

depois desta sexta-feira, 21 de setembro

          Filas e filas de pessoas conversam sobre coisas desimportantes. Às vezes acham até bárbaro o estado de dizer asneiras desenfreadamente. Poucas, bem poucas, sentam para uma conversa de encantamento e outras diabruras. Era disso mesmo que eu queria falar, de boa conversa e diabruras.
          Depois de hoje, aprendi a respirar com Ney Ferraz Paiva e Nilson Oliveira. Depois de hoje, inspirar pode ser estabelecer contato com o pensamento deles através da boa conversa. Escutá-los é inspirar. E, expirar pode ser expandir, fazer chegar ao outro tudo o que ouvi deles e que me fez crescer demasiadamente.
          Um dia, me disse Ney Ferraz Paiva, o poeta é afinador de tempestades. Mas, tem sido muito difícil mudar a paisagem, caro poeta.
          E foi por isso que hoje, iniciei uma boa conversa:

− acordei com um poema me incomodando.
− se incomoda, é porque não presta.
− não. se incomoda é porque quer sair.
− ah, sair de dentro de ti e ir embora?
− é.


domingo, 16 de setembro de 2012

MINHA ESPERANÇA NÃO É SÓ VERDE E AMARELA

 
                Olha o passarinho voando do olhar daquele menino!
          Antes que o mês acabe, devo rabiscar mais uma página, ilustrar mais esse espaço  com os olhares capturados no mês de agosto e chegada do mês de setembro.
 
          Houve um tempo de ausência muito grande, tempo do pensamento Sapliano se mantendo guardado em uma gaveta, tempo perdido ou talvez, quem sabe, tempo guardado para um acontecer mais sólido, mais maduro e bem mais próximo de mudar a cor da minha, da nossa esperança.
          Nesse mês de setembro, não conhecemos a primavera previsível, porque somos do Norte e aqui tudo que temos são chuva e sol marcando inverno e verão.

Mas, nós que trabalhamos no Projeto SAPLI, descobrimos flores nos olhos das crianças da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Santos Dummont. Bem no meio do bairro do Guamá, na cidade de Belém do Pará, há crianças que aprendem a olhar para o passado e seguir em busca do presente e, quem sabe, do futuro.

É bem verdade que há também crianças naquela escola que tem flores mortas no olhar, flores que precisam ser regadas. Para elas, o Projeto SAPLI pretende levar baldes de água. E assim, haverá primavera e outras cores plantadas, pintadas no olhar daquele menino.



P.S Fotos dos alunos da Escola Santos Dummont mudando a cor da esperança.


  
              

sábado, 8 de setembro de 2012

INDEPENDÊNCIA OU SORTE ?

Andar no mato de pés descalços, para quem nunca tirou os sapatos, não é tarefa fácil, não é tarefa fácil.

Correr na direção contrária da multidão, respirar sem aparelhos quando se está em crise asmática, ir ao Sul, no inverno, sem casaco, comer folha sem mastigar e sem tirar o talo, praticar surf sem saber nadar...


Não é tarefa fácil, não é tarefa fácil.
 
Acreditar que se fez um movimento simples e terno na direção do outro, ajudando-o a sair da caverna de olhos abertos, quando se passou alguns anos vivendo nela, não me parece tarefa fácil, não me parece tarefa fácil.

Mas o que não é fácil, não pede para ser impossível.

Do que essa mulher está falando? Essa mulher parece comer caracol quando fala, dando voltas e voltas no seu querer dizer as coisas?

Essa mulher que te fala agora, caro leitor, quer te falar de um tipo de alegria. Alegria provada em gestos inesperados.

Era uma terça-feira, dia quatro de setembro, não era dia sete, porque sete é dia de outra proclamação. O dia era quatro de setembro, dia de proclamar a Independência do Leitor. Foi o que pensei quando vi os pequeninos da Escola Santos Dummond anunciando que entraram para o Projeto SAPLI: Sociedade dos Amigos da Prática Literária. E desfilaram mostrando livros como quem traz no peito a cor de uma nova Independência. E seus olhos faiscavam um novo grito:

     Independência ou sorte?

     
P.S. Foto feita no desfile da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio “Santos Dummont” no bairro do Guamá. Escola que acolheu e acredita nos princípios do Projeto de Extensão SAPLI: Sociedade dos Amigos da Prática Literária, da Faculdade de Letras da UFPA. Por tudo  isso, a Profa. Giselle Ribeiro, coordenadora do projeto, e seus voluntários agradecem.

 

domingo, 2 de setembro de 2012

DIAGNÓSTICO COMPROVADO: HÁ DIAS DE SER ISMÁLIA


Tenho frio doutor.  Moro bem no meio do Norte e tenho frio. A meteorologia acusa 45 graus e eu tenho frio. Devo completar duas semanas do mês de agosto com intenso frio, e esses 45 graus não me atingem.
Não doutor, não quero antitérmico. NÃO tenho febre, tenho frio! Tente aproximar o seu olhar da minha epiderme. Doutor, não preciso da farmacologia, quero a companhia dos nascidos na linhagem do bem.

O doutor me olhou por longas horas e receitou:
Passar o resto dos dias tomando banho de lua e banho de mar.

E diagnosticou: Tentar a cura para a Solidão