Passando pelas estradas
do nordeste, ouvi uma cena cantar ao meu ouvido. A imagem saltou e preencheu
todos os espaços da janela do automóvel que me transportava e eu cantei com
suavidade:
Felicidade é uma
cidade pequeninaÉ uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar.
Tive a nítida certeza do endereço da Felicidade. Quando procurada na
capital, não encontrei e me aventurei pelas estradas do nordeste do Brasil. Por
lá havia grandes hotéis e casinhas feitas de barro e palha. Em volta dos
hotéis, outros e outros arranha-céus. Em volta das casinhas, tantas outras
casinhas e senhoras que se chamavam de vizinhas.
E a música tocava repetidamente dentro dos fios que ligavam meu pensamento:
Felicidade é uma
cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar.
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar.
Ainda na estrada, Santa Luzia do Paruá me ensina a escrever, sem pena, o
que todos nós procuramos. E foi assim que eu trouxe dentro do automóvel, a
minha nova coleção de imagens de Felicidade:
É possível ser feliz morando no Hilton. E é também possível ser feliz
morando na casinha de barro e palha, isso tudo de mantivermos limpo e arrumado
o interior do nosso interior.