Entrevista do Jornal Nenhum com a
poeta Giselle Ribeiro:
Você tem um livro publicado
chamado “69” e vai lançar outro no mesmo gênero. Como é escrever para adultos?
- É com caneta. É com papel. Às
vezes no computador; Às vezes com celular. Às vezes na areia. Não tem segredo
maior que se despir de algumas amarras e mandar ver. Assim como se escreve os
outros gêneros. É preciso compreender que o amor é natural, nos alertou
Drummond, naquele livro em nada proibido.
Como você se tornou desbocada?
- Talvez eu não tenha chorado
quando nasci e, quem sabe, me deram um tapa na boca e eu desboquei. Há quem
diga que eu engoli o capeta. Que eu sou uma vergonha. Que eu não deveria ser
convidada para palestrar. Que eu só falo disso. Mas eu falo. Não me calo. E
falo de outras coisas também, da mesma grandeza. Falo de viagens em aspiral no “Isso
não é um livro. Isso é um caracol” (2014). Neste livro vou me arrastando pelos
nossos escombros e derrubando muros.
Ele também tem poemas eróticos?
- Eu já disse que não me calo.
Então se no meio de outro gênero, esse aparecer, ele vai dar a sua cara para
ser beijada e não mais para baterem. É preciso entender que o amor é natural e
que ele aprece em algumas curvas da nossa história.
Então você se considera uma
pervertida?
- Naturalmente.
Fecham as cortinas. A poeta
levanta, pega água para beber. Bebe e lava a alma.
Finda a entrevista sem revelar
mais sobre o próximo livro de poemas eróticos. Mas sabemos que já está quase
concluído.