sexta-feira, 23 de março de 2012

QUANDO O REI CORTOU AS TRANÇAS DE RAPUNZEL, SEPAROU A LUA E O SOL NO CÉU


Fotografia do Sol que ninguém sabe se é Lua. Ou da Lua que ninguém sabe se é o Sol.

P.S. Conto tecido durante o I Encontro de Contadores de História da Amazônia, na Oficina "Performance Poética: O Corpo Contando História"; ministrada por Adrine Motley e Dia Favacho.

Essa história é verdadeira. Ela tem personagens que saltaram de dentro do evento, quando Dia Favacho e Giselle Ribeiro se viram com a mesma blusa. E não houve desconforto, mas reconhecimento de que trazem na pele o mesmo sonho. Por isso, essa história diz assim:

Em um tempo não muito distante
viviam duas irmãs
muito unidas, muito unidas.
Gostavam quase sempre
das mesmas coisas:
ouvir e contar histórias
e de outras boas diabruras.

Um dia um rei malvado
quis torná-las desunidas
e lançou um feitiço terrível
de nunca mais poderem se encontrar.

Adeus Branca de Neve,
Gato de Botas,
Cadeira de Balanço
e Roda de Ouvintes.
Adeus amigo Grimm e Perrault.

Porque hoje, sem mais alegria,
em tempos distintos,
elas vivem com seus novos nomes
dizendo ao mundo:
- Eu sou a Noite.
- Ela é a Dia.

segunda-feira, 19 de março de 2012

COMO SE VALESSE A PENA RENASCER SEMPRE



Como se faz para chegar do outro lado do mundo sem piscar os olhos?

O senhor de negócios olhou para os lados, procurou outro alguém para responder a questão mais absurda que já lhe tinham feito no curto tempo da sua memória de felicidade. Mas não havia mais ninguém naquele espaço de assombramentos. Então pensou em se atirar ao mar e se ver livre do que lhe parecia estranho: uma menina cheia de fantasias.

A menina insiste:

Moço, quero ir da minha idade ver a idade do seu tempo para plantar flores de companhia no jardim da sua solidão. O senhor me parece bem sozinho!

Desarmou o homem que agora relembrava o seu passado bem remoto. Parecia que a menina encostava duas pedras no raciocínio daquele homem e dali tirava faiscação de uma felicidade que ele nem mais sabia que cheiro tinha.

Respirou fundo, abraçou o retrato falante da menina e, desde então, se viu pronto para chegar do outro lado do mundo sem piscar os olhos.

P.S. Texto escrito em 05 de janeiro de 2012, aniversário da contadora e encantadora de histórias Cléo Busatto. Mas imaginemos que amanhã, bem cedo nascerá mais uma vez Cléo Busatto para soprar em nossos ouvidos tantas histórias, porque amanhã, caro leitor, dia 20 de março é o Dia Internacional do Contador de Histórias.
Obrigada Cléo Busatto, minha Flor de Formosura, por iluminar o meu caminho profissional.

quarta-feira, 14 de março de 2012

APRENDI A EMPINAR POESIA



Outro dia fui à praia.
Não porque gosto de sol e multidão.
Fui à praia vender poesia.

É claro que ninguém comprou ou gostou do produto que eu vendia.

Botei meus versos no chapéu, porque moeda ali não caía.
E devolvi para a minha cabeça meus pensamentos poéticos.

Da próxima vez, vou fazer diferente:
Vou à praia empinar meus versos com fio dental.