domingo, 29 de maio de 2011

A PORÇÃO MÁGICA


Uma experiência de escrita e encantamento entre uma aluna no projeto de extensão "Entreletras" (UFPA) e algumas iluminuras das lanternas teóricas de Cléo Busatto, Bruno Bettelheim e Nancy Mellon. Assim nasceu o conto de Patrícia Barros:


Em um reino muito distante, daqueles que só conseguimos chegar se pegarmos o ônibus Marituba – UFPa, morava uma linda princesa.
Um dia, a princesa se apaixonou por um belo rapaz, o mais bonito da cidade, que trabalhava em um cyber perto do seu castelo.
Quando o pai da princesa ficou sabendo que sua filhinha estava apaixonada, ficou furioso, pois, viver um amor iria atrapalhar os estudos na universidade, então proibiu a menina de ver o seu amado.
Pobre princesa! Não tinha paz nem para respirar, não conseguia se movimentar sem que o pai estivesse por perto. Porém, um acontecimento mudou para sempre a vida das personagens. Um acidente de trânsito! O belo rapaz se foi...
O pai vendo sua filha tão triste, tão triste, se arrependeu de todas as maldades que fizera. E quando percebeu que a princesa também morreria de tanta tristeza, foi correndo pedir que uma bruxa fizesse uma porção para trazer o rapaz de volta à vida.
A bruxa (que nas horas vagas era professora de literatura) explicou que não possuía tamanho poder, mas, poderia trazê-lo de volta por apenas uma noite com uma de suas porções mágicas.
E assim aconteceu. A princesa foi ao cemitério meia-noite, derramou a porção mágica na cova do seu amado. Imediatamente ele apareceu. Depois de um longo beijo, os dois dançaram a madrugada inteira, como se a morte não mais existisse.
Amanheceu. O feitiço chegou ao fim. A princesa saiu correndo para a universidade e chegou atrasada para aula da bruxa:

sábado, 7 de maio de 2011

A PRINCESA SEM DONS PARA TAMANHA FELICIDADE



Texto tecido depois das descobertas interiores e da leitura do livro A arte de contar histórias de Nancy Melon. 2006.
Uma experiência proposta por Nancy Mellon e realizada por Giselle Ribeiro.

Num castelo muito, muito distante morava uma menina-mulher. De dia parecia mulher. De noite parecia menina. Quando saía para trabalhar era mulher. Quando saía do trabalho era menina. E a vida assim seguia...
Não conhecia a vida sozinha. Dependia dos guardas do castelo para ir ver o mundo além das fortes muralhas do castelo que morava. Tinha medo de quase tudo. De viajar sozinha tinha muito medo. Do mar ela também tinha muito medo, porque não sabia nadar. Quase não comia peixe, porque tinha medo das espinhas.
Mas com esses três medos ela já tinha lutado alguns dias e acreditava tê-los vencido. Até que um dia a rainha do castelo vizinho pediu para que ela contasse as lutas que ela já havia vencido e as que não conseguiu vencer.
A menina-mulher passou alguns dias pensando... pensando... como contaria as aventuras poucas que vivera?
E começou a somar os ganhos:
- Já viajei um dia sozinha.
Depois lembrou:
Mas nunca mais repeti a proeza!
- Já andei de barco.
E depois também lembrou:
- Mas eu sempre viajei de colete salva-vidas!
Então pensou mais animada:
- Ah, mas eu, vez por outra, como peixe!
E a sua memória foi impiedosa:
- Mas a rainha, sua mãe, trata sempre de preparar o filé de peixe, para que não lhe sirvam as espinhas.
Até que a menina-mulher encontrou um ganho vestido com roupa de perda:
- Um dia... Disse ela. Eu dirigi um automóvel. E depois, no outro dia, também consegui conduzí-lo por entre tantos outros carros. E cada dia ele parecia me aceitar dentro dele, quase como parte dele. Era assim, eu alcançava os três pedais dele: Embreagem, freio, acelerador. Embreagem, freio, acelerador. Tudo já quase automático. E a minha mão já parecia hábil com as marchas e a ré. Parecia, é um verbo perfeito ou será imperfeito para a minha vida, sempre tão protegida naquele castelo? E foi diante da dúvida, que eu laguei armadura e espada e dormi novamente.E a coragem, mais uma vez, deu ré.
Acordar novamente é quase luta perdida.