sexta-feira, 21 de junho de 2013

NAMORAR: Preamar; algumas linhas da minha história de amor.


O círculo do Fogo e do Amor
           dozeDejunho é dia de acender o fogo e deixar a juventude se acomodar em volta dele. E depois de aquietar os ânimos:
          - Professora o que é o amor?

          Diz uma voz vinda da grande roda em volta do fogo.
          Para chegar à pergunta, vamos ao flerte. O flerte começa pelo olhar mais e um pouco mais o outro. Quando se permanece olhando o outro, nas outras horas do dia, então já não é mais flerte, é namoro.
          Eu sei de histórias muito bonitas de flerte e de namoro, mas a minha parece também ser boa para contar hoje. Há quem ainda acredite nas relações intensas que sobrevivem aos temporais sem o grande dano da separação. Então, se assim acontece, o flerte deixa de ser flerte. O namoro deixa de ser namoro. E o Amor ocupa o seu lugar de Rei.
          Foi assim também comigo. Eu comecei provando o doce de algumas escritas poéticas e fui tomando gosto pelo o que provava. Era o flerte acontecendo. E fiquei assim, provando daquele doce repetidamente. Era o namoro acontecendo. Mas de tanto provar o doce repetidamente, eu encontrei o amargo que também existia naquelas escritas poéticas. Nem por isso desisti de provar daquele objeto de degustação. Era o Amor acontecendo.


"Com graças, e muitas, te brindou Afrodite"
 
          De lá pra cá, não há tempo tão ruim que eu não descubra como vencê-lo. Não há leituras permitidas ou proibidas. O que há é um mundo de palavras poéticas me povoando e me dando força para a luta brava desta vida.
          Agora, sigamos até as páginas de “Leituras Proibidas”, escritas por Alberto Manguel, enquanto os versos de Safo e de outros poetas escorrem feito fênix em nossa boca.

p.s. As fotografias que acompanham este texto, foram feitas na aula de Fundamentos da Teoria Literária, no dia doze de junho de dois mil e treze, na Universidade Federal do Pará.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

COMO O SOL DA MEIA NOITE

Siga a seta. A direção da origem.
 Como a lua que se mostra e se esconde seguindo as suas fases. Como o sol que ilumina e aquece acompanhando algumas horas do dia e depois desemboca para o outro lado do mundo no percurso de iluminar aqui e apagar ali. Foram assim, os dois dias do minicurso "Aprendendo a ler Caracol; pequenas lições de leitura literária". Talvez nunca mais se ouça falar nisso...

Você é feito de luz e sombra.
          Mas, por dois dias houve o espaço do silêncio interno que pretendia ser preenchido com a nossa própria voz, a voz que habita os nossos porões e que se cala muito mais para ouvir o outro.
          Estabelecer contato com o avesso da pessoa: feche os olhos, apague a sua luz de fora, acenda a sua luz de dentro, se procure e se reconheça e só depois disso, acenda a luz de fora, volte pleno de você, acorde para a vida como um movimento de evolução concebido por você.
          O leitor viu mais de perto “Isso não é um livro. Isso é um Caracol”. E provou a imagem da capa, contracapa, título, ouviu a orelha falar, com suavidade, os caminhos a serem conquistados, reconheceu CL e saiu cambaleando, embriagado de outras vozes, ouviu palavras com outras funções, ditas não na nossa vida cotidiana. E dali, ele saiu embriagado de palavras que saltam do livro para a sua boca.
         E foi assim que Henrique Lobato, um dos inscritos no minicurso, roubou a voz da autora para falar do que viveu nesses dois dias:

                                    UM VAGA-LUME E UM CARACOL

Siga a seta e acenda a sombra.
                              Ela começou tirando nossos sapatos.
                              E foi deitando-nos um por um.
                              Aquietando os corpos em seu ato
                              De serenata, de momento incomum.

                              Ela veio em seu tear de palavras
                              Colocando os versos em seus lugares.
                              Subimos e descemos as escadarias
                              Nessa morada misteriosa do ser.

                              Moinho, Moinho e o dia vem chegando.
                              E assim ela foi fazendo de mim caracol
                              Interior, Interior redemoinho girando.
                              Sem dar nó, foi fazendo de nós girassóis.

                              Ao som desse hino a noite vem vindo.
                              E assim ela fez de mim um vaga-lume.
                              Negrume, negrume morada dos monstros.
                              Noite, Noite onde moram os nossos outros.

                              Laço na palavra. Não era noite nem dia.
                              Não era mais vaga-lume nem caracol.
                              Era apenas eu que voltava à rotina, era vida.
                              Mas agora existia um vaga-lume e um caracol.

                                                          ***
P.S. Depois disso, Henrique, igual a Orfeu, silenciou a autora derramando nela toda a sua emoção. E o adeus tomou conta do espaço, sem precisar ser dito.