domingo, 20 de julho de 2014

COMO DESARMAR UM SOLDADO NUM CAMPO DE GUERRA?


 
          Louvado seja Deus que fez descer à terra um homem e duas mulheres. O homem com o coração na mão enchendo de vozes o nosso olhar. As duas mulheres dando luz a cada instante que as suas vozes se soltam e enlaçadas pelo afeto nos prendem nas histórias e nos poemas escolhidos, com cuidado, para habitarem em nós.

           Como desarmar um soldado num campo de guerra?

          Com a alegria de ainda estarmos vivos e podermos sentir a mão do outro suplicante de amor a cantarolar com suavidade e repetidamente:

           “Dá tua mão... dá tua mão... dá tua mão...” e a mão quando alcançada recebe o afago que entra como o sangue, como nova vida, uma vida feita de sonhos, pois eles: o homem e as duas mulheres são Apanhadores de Histórias: Contadores de Sonhos.

           Um homem e duas mulheres, volumes inesgotáveis de força e vontade de resgatar a oralidade e talvez rescrever, em palavras ditas, um livro que não cessa de mostrar as imagens refletidas nos nossos sapatos envernizados, de ponta fina, belos e desconfortáveis. E assim, eles arrancam as nossas dores e alegrias, na mesma medida, as mais escondidas, trazendo-as à superfície e nos tornando mais humanos, outra vez.

           Quem são eles? E quando isso acontece? Eles são Os Cirandeiros da Palavra. E isso acontece sempre que eles entram em nossas vidas e nesse dia, há os que choram e os que riem de um modo novo.

           Tal qual o voo do louva-a-deus que remete ao voo de um caça de combate e tem a capacidade de desviar de ataques de morcegos em pleno voo executando mergulhos. Os mergulhos, por aqui, vêm acontecendo sempre que Os Cirandeiros da Palavra atingem o nosso céu para mudar as nuvens cinzas do nosso tempo ruim.

           Por isso, louvado seja Deus que fez descer à terra esse homem Antônio Juraci Siqueira e essas duas mulheres Andréa Cozzi e Sônia Santos, Os Cirandeiros da Palavra.

           Louvado seja Deus, pois cada vez que Os Cirandeiros da Palavra se entregam a nós, é como se Drummond saltasse das suas bocas e nos dissesse em um único sopro os versos:
       
            "Eu preparo uma canção
            que faça acordar os homens
            e adormecer as crianças”.

           
E nesse dia, há os que choram e os que riem de um modo novo.



  

 

 

2 comentários:

  1. Em verdade, Poeta, eu também não sabia "como desarmar um soldado num campo de guerra" até o preciso instante que li teu texto/poema. Égua não, mana, quase não encontro palavras para agradecer a Deus por tua existência, por tua amizade, por tuas palavras. Ainda bem que tenho muitos corações...

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    1. Juraci, meu amado Poeta, seja dia ou seja noite quando chamados, você e as duas mulheres, guardiã do seu lado direito e do seu lado esquerdo se assemelham ao louva-a-deus e partem em seus voos de combate aos nossos descontentamentos. Por isso, aprendi a lhes pagar talvez, com a minha mais pesada moeda, as minhas palavras de agradecimento. E te deixo no conforto do meu abraço.

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