quarta-feira, 14 de novembro de 2012

DEPOIS DOS NOVE MESES

                                         Diane Arbus
 
          Vês? Ele ainda tem crescido dentro de mim. Suas mãozinhas se movem e me indicam a direção que devo seguir. O coração também já bate. O pulmão sopra notícias vindas bem de dentro, e de fora também. Coisas muito novas e eu me surpreendo.
            Os médicos desistiram do meu caso, acham coisa do outro mundo. E ele gosta das impressões médicas e se mantém dentro de mim.
            Quando penso que ele já vai nascer, ele se espreguiça e dorme um pouco, se preparando para as novas formas que ele vai ter quando nascer.
            Em dias de angústia, ligo para o Carlos, um dos pais desta criança, e ele serenamente me diz:

 O filho que não fiz.
 Fez-se por si mesmo.

           Talvez eu espere mais nove meses.
           Não sei. Eu não mando mais em mim. Apenas tenho essa fotografia que ele me mandou, em um sonho, para me manter tranquila e esperando.


2 comentários:

  1. Tudo a seu tempo, Giselle, tudo a seu tempo... Aliás, Tudo ao tempo de seu filho! Ele vai nascer forte e se embalando nas linhas dos poemas e trocando os títulos pelos verso.

    Beijos.

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  2. É verdade, meu lindo. Eu tenho aprendido o exercício da paciência. Beijo meu pra você também.

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