quinta-feira, 4 de julho de 2013

QUEM DESLIGOU OS VESTILADORES DO CÉU?


          Houve um tempo que, em Belém, se marcava encontro sempre antes ou depois da chuva. Acho que o céu chorava de emoção sempre que as pessoas marcavam seus encontros e seguiam às praças para namorar, conversar. Tempo esse que bem poucos ouvem falar.

          Hoje se ouve falar muito do tempo de não se encontrar. Tempo de se falar sem se ver, sem sentir o cheiro da voz do outro, sem saber que cor tem os olhos do outro, se dos olhos de quem fala saltam mentiras ou verdades.

         Do tempo em que se marcava encontro antes ou depois da chuva, eu tenho guardado na memória o barulho do vento fechando as portas e as janelas das casas ou balançando as folhas das árvores da cidade em que ainda moro. E bem dentro da mesma memória, sei do frescor que o vento nos entregava naquele tempo já quase perdido.

         Quem desligou os ventiladores do céu de Belém? Não pagamos a conta com a moeda certa? O sol por aqui brilha para todos até rachar o solo das nossas emoções. Enquanto isso, andamos muito irritados, quase sempre sem tolerância para os imprevistos, não pedimos mais passagem com as palavras mágicas: com licença e obrigado. Palavras deletadas como o vento de Belém de outrora.
 
        Oh! que saudades que tenho
        Da aurora da minha vida”

E Casimiro de Abreu não sou eu, não sou eu, mas isso é tudo o que por hora me permito dizer.        
    

8 comentários:

  1. é incrível como nossas sensibilidades se abraçam...

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  2. Ah, meu caro Francisco, quando nossas sensibilidades se abraçam, é sinal que ainda há esperança para a humanidade. Fico feliz coma sua recepção e te entrego o meu abraço. Fecha os olhos e sente.

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  3. Querida profaª, li o que a sra. escreveu no texto "Quem desligou os ventiladores do Céu?". Penso que muitos seres humanos têm-se "reificado", através da edificação de muros mais ideológicos que o de Berlim, através da edificação de construções mais sinuosas e aviltantes que a muralha da China, enfim através do estabelecimento de uma separação gritante que, insipente, põe o "EU egoico" aqui e alhures e o outro num ambiente de quase total anulação; eis a explicação: penso que a frequência densa, que paira ao derredor, trava o trabalho dos ventiladores do céu. Todavia, uma predição eu faço: por haver ainda resistência, o AMOR vencerá; porque o AMOR é sábio e sabe como fazer, onde e através de quem fazer...Seja por uma contação de história em praça pública da Cléo(li o blog dela), seja através de palavras encorajadoras e acolhedoras da professora Giselle Ribeiro a um homem que não acreditava mais em si e que agora chora de emoção por se reconhecer capaz de ser HUMANO e de ser FELIZ, enfim...os ventiladores estão trabalhando com dificuldade, mas dias melhores virão e por estas paragens do UNIVERSO ainda haverá bastante bons ventos que nos trarão felicidade e satisfação de vontade.
    Com todo o AMOR HUMANO que sinto e que marejam meus olhos nesse momento,
    Peço licença
    Para dizer obrigado:
    Sou grato a Deus pelo ensejo de ver que ainda podemos consertar os ventiladores do Céu, porque ainda temos mãos...
    Namastê, querida!
    Sinta-se respeitada e admirada por toda a sensibildade que a sra. tem (mesmo que, muitas vezes, não seja compreendida no mundo hodierno...). Que tal juntarmos as mãos para consertar os ventiladores do CÉU?
    Eu me APRESENTO, como paladino do BEM...!
    Rui Bahia Junior

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    1. Ah Rui, meu lindo, bom saber que a tua mão quer se juntar a minha e com outras mãos unidas faremos o possível para reparar os ventiladores do nosso céu. Obrigada pelas palavras de luz. Namasté, meu lindo. NAMASTÉ.

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  4. É o que sempre penso: estamos pagando as contas com a moeda errada.

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  5. Professora!!!!!

    Sua indagação é fantástica! Faz pensar sobre as loucuras climáticas e sobre o clima que já não existe entre as pessoas: “hoje se houve falar muito do tempo de não se encontrar. Tempo de se falar sem se ver, sem sentir o cheiro da voz do outro, sem saber que cor tem os olhos do outro, se dos olhos de quem fala saltam mentiras ou verdades...”

    Eu, que não sou tão adepta da amizade virtual, pois cultivo bem mais o contato face a face. Lembro que também mantenho um diálogo muito bom via internet. Mas, na maioria deles, conheci pessoalmente as pessoas e apenas mantemos o contato a distância. Apenas com você foi o contrário. Conheci seu trabalho e este meio permitiu uma exposição das emoções. Contudo, entendo perfeitamente sua inquietação. Gosto do olho no olho.

    “Acho que o céu chorava de emoção sempre que as pessoas marcavam seus encontros e seguiam às praças para namorar, conversar. Tempo esse que bem poucos ouvem falar.”

    Sinto, querida, que algumas pessoas fazem da vida uma maratona tão grande, por vezes desnecessária, que não têm ânimo para um passeio à praça. Para alguns, se não tiver carro... vixe, impossível!!!! Quanto mais fácil, melhor.
    Abraço grande!

    Dora Adriana Cunha

    P.s: precisamos marcar aquele café sugerido por você. Caso contrário, ficaremos na pobreza virtual.

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  6. Dora, meu bem, bom, muito bom te rever neste espaço de descobertas.
    E vamos marcar logo o nosso chá pra gente se achar? Abraços.

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  7. Muito bom o trocadilho do chá pra se achar.
    RSrsrs

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