quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PARA DIFÍCEIS CONTAS: CALCULADORA


Para onde se vai moço? Em que direção se vai para chegar à linha de frente dessa vida? Não ser confundido com os lobos ou devorado por eles?

Trago apenas essas duas mãos envelhecidas que não foram treinadas para bater, mas para o afago. Por isso, moço, sou eu que sempre levo porrada!

Sente aqui, ao meu lado, me dê mais um trago dessa tabacaria e faça de conta que me vê, que sabe quem sou, porque de todas as certezas em mim tatuadas, há apenas uma que não se apaga, a certeza escrita com brasa e que ainda hoje arde. Essa minha maldita certeza de que:

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

As pessoas daquele outro lado da rua não me conhecem pelo avesso e pensam me decifrar apenas pelas três primeiras linhas dessa tatuagem. Elas fazem questão de ignorar a última linha escrita, a linha mais dolorida e pesada.

Por isso, moço, eu não tenho certeza da direção que devo tomar. Mas me disseram, e isso já faz tempo, que a chance para encontrar a direção certa é manter o equilíbrio e não deixar o coração avançar na decisão.

Mas o meu coração desconhece a medida, por isso, moço, sou eu que sempre levo porrada!

Um comentário:

  1. Muito bom!Com certeza,mantendo o equilíbrio sempre achamos a direção.Beijos para a Poeta mais amada.

    ResponderExcluir