Se eu
fosse um alfinete, não ajudaria muito, ou quase nada, não ajudaria em nada.
Talvez perfurasse a barriga e as palavras sairiam dela escorrendo sem
multiplicar os seus significados. Talvez pouca coisa acontecesse nesse globo
cheio de água em que eu me vejo agora.
Disse a
chave, um pouco pensativa das suas tarefas ali, no ambiente novo a percorrer.
Agora, no
caminho do laboratório: ultrassonografia, identificar objeto, reconhecê-lo e
retirá-lo da barriga. Aproximação da gestação.
“O filho
que não fiz / fez-se por si mesmo” pensa Giselle Ribeiro e se diz esses versos
do Drummond. E ela grita, quase silenciosamente para a mãe:
− Mãe,
engoli uma chave e ela abriu a porta para passarem 69 poemas eróticos. Será que
já está próximo o dia da minha morte, minha mãe?
−
Possivelmente, minha filha. Nos próximos dias, você terá umas respirações ofegantes,
uns arrepios, talvez suores e uns gemidos acompanharão essa hora. A hora exata da sua “petite mort”. E assim,
todos os que se aproximarem destas 69 páginas também viverão o modo francês de
gozar a vida.
E o amor
abrirá novas portas.
Se a chave abriu a porta, então que venham esses 69 poemas. Serão muito bem vindos! E que nos façam ter 69 "petites mortes"!
ResponderExcluirParabéns prima!!! Então esta chegando o dia,mais um filho prestes a nascer.Beijos
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