quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ELES AINDA QUEIMAM LIVROS?

FILME fahrenheit 451 CENA MULHER EM CHAMAS

(pela memória interrompida dos quase 800 mil livros queimados em Curitiba no dia 03 de fevereiro de 2013)

          De lá daquela estrela vermelha, no último dos quatro planetas telúricos no sistema solar, eles ainda se horrorizam com as nossas atitudes, sempre tão bárbaras:

− São tão estranhos, os habitantes daquele planeta!

          Disse uma voz além da Terra. E com pavor nos olhos, lia para o filho jamais dormir, um pouco da história da humanidade. E é assim que a história dos terrestres invade os olhos dos marcianos.

 − Lá, na Terra, dizem, eles levam mais tempo para aprender o que é certo. Eles não reconhecem o bem por capacidade própria. Eles ouvem os seus mandantes e acreditam neles, sem hesitar. Foi assim que ao longo dos anos, eles queimaram livros. Achavam coisa inútil, o livro!

− Mas esse não era o pensamento deles? Pergunta o pequeno marciano, desejoso de ouvir uma história mais bonita.    

− Dentro da cabeça dos terrestres, meu filho, eu te afirmo, havia um buraco, um grande buraco. A cabeça deles era revestida de pele e fios de cabelo por fora. Por dentro ela era completamente oca. Cheia de espaços esperando as ideias dos seus mandantes para ter preenchimento.

− Então para eles parecia um esforço muito grande pensar? E só por isso que eles deixavam essa tarefa para os seus mandantes. Sempre foi assim, meu pai? Ou o tempo e seus homens mudaram?     

− Meu filho, olha naquela direção. A grande bola de fogo subindo vem de um ponto da Terra, vem de Curitiba.  Na Terra, o tempo ainda devora seus homens. Se eu fosse o rei de lá, jogaria todos no Olympus Mons. Só os livros eu deixaria vivos contando o horror dessa história que não deve servir para nada, nada além de cavar tristezas bem fundas dentro dos que na Terra sobrevivem.

8 comentários:

  1. Os livros têm o poder incrível de transformar vidas!!!

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  2. Rayane, meu bem, essa certeza nós, os Guardadores da Palavra Poética temos, todos os dias. Não é assim querida? Obrigada pela visita. Abraço meu pra você.

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  3. uia... não espalha que isso acontece por aqui... mesmo porque pode ter sido um aciente, não é? Afinal , não é todo dia que revisitamos o mito de Alexandria! Abraços minha irmã da palavra poética e, aliás, sobre o texto posterior, o seu bloco poético, guardadores da palavra poética - ufa, que lindo! aliás tenho que correr pra lá outra vez e ver, como a senhora me definiu.
    Bom, querida poeta, eu sou sua fã!!! Conta isso pra eles, beijos

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  4. Ah, Cléo, meu bem, é verdade, pode ter sido acidente, mas para que serve a inteligência humana,a capacidade de pensar e evitar o que pode ser acidente contra a humanidade?
    E se eu contar para os meus Guardadores da Palavra Poética que você é minha fã, eles não vão acreditar. E nem eu? Risos de felicidade chegando.

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  5. Ahhhhhh!
    Nossa! Não sei dizer o que senti!
    Por vezes, temo parecer boba. Mas devo dizer que essa narrativa, boba aos olhos de alguns, me emocionou. Fico pasma com atitudes como a relatada e com o quanto podemos ser negligentes com o futuro. Ler possibilita abrir os olhos e sair de uma escuridão que não é momentânea e causa lesões profundas. Quem lê, fala, ouve e vê melhor. Sente-se capaz de transformar a realidade justamente porque a entende. Mergulha no mundo dos significados desconhecidos e se transporta para outros locais.

    Ler confere cidadania porque a leitura leva à reflexão, à crítica e à capacidade inventiva. Ler confere inteligência suficiente para criar um texto breve e impregnado de crítica e denúncia, como nesta narrativa. Ler é bom demais!

    Adriana Cunha

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    1. Oh Adriana, meu bem, percebo que você tem me visitado nos compartimentos dessa minha casa chamada No Fio da Vida e tem me conhecido gradativamente. Não sei como você me descobriu falando com quem me ouve e com quem não faz tanta questão da escuta da minha fala, mas eu falo assim mesmo, porque o que está em mim, pede para sair: as alegrias, as angústias minhas e do mundo. Por isso também essa narrativa que tanto te agradou e que a tua recepção me deixa bem feliz. Obrigada por me ler e receba o meu abraço.

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  6. Oi!

    Temos um conhecido em comum. Apresentou-me você mostrando dois de seus livros. Um deles é o 69; o outro, perdão, mas não lembro do nome. Gostei muito de ambos e estou aguardando que nosso amigo Danillo Mendes os empreste a mim. Acho que ele está me enrolando rsrsrsrs, mas a espera valerá muito a pena. Estou certa disso.

    De vez enquanto ele comenta sobre Cléo Busatto. Se a palestra não for somente para seus alunos, gostaria de assistir.

    Adriana Cunha

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    1. Vamos lá Adriana, vamos conversar mais um pouquinho... O nome dos meus outros livros são "Objeto Perdido" e "Pequeno Livro de Poemas Para vestir Bem" e está sendo gerado o próximo livro-filho com lançamento previsto para o dia 30 de abril, na XVII Feira Pan-Amazônica do Livro. Quem sabe nos conheceremos por lá!
      Agpra falemos da palestra da Cléo Busatto, ela vai estar na Feira do Livro também no dia 30 de abril e você poderá vê-la lá. Outra possibilidade será uma palestra na UFPa (ainda não confirmada) mas se confirmada será aberto ao público que fizer inscrição. Aguarde notícias, eu mando, com certeza. Abraço e carinho.

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