domingo, 3 de outubro de 2010

MAIS UM FILHO DE LAERTE



Dançávamos juntos a noite toda. Eu com meu vestido azul royal, cabelos ao longo das costas seminuas . Ele, com seu ar desconhecido por mim, trajava um smoking e sempre que me fazia girar no salão, a sua mão percorria as minhas costas repetidamente e com suavidade. Era como se ele soubesse que eu já fazia parte dele e quisesse me fazer entendê-lo como tal.
Todas as músicas pareciam ter a mesma nota e a sua mão persistia no pouso e repouso sobre a pele seminua das minhas costas. E do ir e vir que a sua mão fazia, ele tatuou na minha pele uma desconhecida identidade.
Fim do baile. Ele não se fazia mais matéria.
Invisível aos olhos, ele percorria todos os espaços dentro de mim e me dizia para acompanhar agora, a dimensão épica do meu novo enredo. Dar alguns passos ao alcance da espada e armadura, era a ordem dele agora querendo também ser minha.
Avanço montada em um enorme cavalo de madeira. Hoje eu sou Ulisses...

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